É Ator, Escritor. Nascido em Minas Gerais, na pequena cidade de Patrocínio, que pertence a mesorregião do Triângulo Mineiro - Alto Paranaíba - de onde saiu pequeno para a grande metrópole do Rio de Janeiro. Nas artes cênicas, atuou em grandes espetáculos tais como: “O Círculo de Giz Caucasiano” de Bertold Brecht - “O Homem Imortal” de Luiz Alberto de Abreu – “Rei Lear e Comédia dos erros” de W. Shakespeare, entre outros. Participou de produções teatrais nas peças: “A Família Addms” de Cássia Barros e “O Presidente exige mais bonecos” de Kadu Pinheiro e renomados festivais de teatro como “Isnard Azevedo” em Florianópolis.Fez grandes cenários para Cia de Dança “Jaime Arouxa” e curtas para cinema, entre eles: “Por dentro de uma gota d’água” de Felipe Bragança e Marina Meliande, onde fez cenografia com Clara Meliande e Gustavo Bragança; - “Crianças” de Pedro Modesto e “Um dia, Um Jardim” de Mônica Brito. Como design, fez um belíssimo troféu para premiação de melhores atores teatrais no ano de 2001.

domingo, 28 de junho de 2015

Foi Você Quem Pediu Pra Eu Contar A Minha História.



Quando recebi o convite do Piva para assistir a peça Teatral (Foi Você Quem Pediu Pra eu Contar a Minha História) sob sua direção, não podia recusar, até porque já fazia um bom tempo que não colocava os pés em um Teatro e prontamente aceitei.


Tamanha foi a minha surpresa quando as luzes se apagaram e uma fumaça branca tomou conta do palco que era visível diante de uns focos de iluminações pontuadas que imediatamente deu uma riqueza enorme ao cenário que era composto por um balanço de criança a esquerda, ao centro uma estrutura de ferro que conheço como Gaiola Labirinto, “acredito que tenha outras formas de pronuncia”, do lado direito havia um banco em forma de um “L”.


Estava tão anestesiado com toda aquela estrutura simples e ao mesmo tempo impactante que confesso me levou a imaginar ali fazendo parte da brincadeira que ainda não tinha ideia do que seria, mas que tudo me foi bastante convidativo.


Estava eu ainda embriagado com meus pensamentos que nem dei conta de que já havia tocado o último sinal, só me dei conta quando vi entrar em cena quatro garotas uniformizadas. O burburinho que havia na plateia logo deu espaço para o silencio e todas as atenções se voltaram para o palco. Por um breve momento esse silencio imperou naquele espaço, foi então quebrado por uma das garotas que logo iniciou um dialogo. O mais interessante é que a peça em si já começa no auge contextual, não tem uma crescente, mas uma evolução de drama, drama esse que já se inicia com uma carga e um peso que fica bem visível nos olhos de quem os conta. Há uma tensão e um trocadilho textual entre os personagens que parecia de fato ser real. Pra mim foi imperceptível mas imagino os improvisos que foram jogados entre uma e outra sem que nós meros expectadores de uma fantasia narrada pudesse se dar conta, é isso que me fascina e me encanta nesse jogo teatral, poder brincar com as palavras e deixar que elas fluem sem nenhum arrasto ou buraco em cena. Havia uma interatividade entre elas que quando acabou ficou a sensação do quero mais.


Uma menina rica na pele de “Fernanda Vasconcelos” que narrava sua história de um ponto de vista só seu. Na sua ingenuidade usava palavras do mundo empresarial na crença de ser superior mas sem entender muito o significado delas, mas contudo uma menina simples, percebi isso quando ela enfiou suas pernas na estrutura de ferro e deixou que seu corpo caísse até encostar no chão, ali gesticulava com os braços em movimentos perdidos sem foco, suas ideias.

Outra que inicialmente achei estar distante de todo o drama foi Bianca Castanho, ledo engano, pois quando começou a contar a morte do acidente de seus pais, meus pensamentos logo me colocaram na cena dos fatos narrados por ela, tamanha foi sua veracidade.

Pude ver também que havia uma terceira menina, confusa (penso eu) que queria mostrar ou expor o que pensava sobre sua sexualidade, mas que logo era bloqueada e seus pensamentos e ideias eram deixados de lado, até que no final quando consegue contar sua história a aceitação me pareceu aceitável. E ninguém melhor que Talita Castro para o papel.

A quarta menina percebi um pouco perdida em busca de carinho, afeição e de quem sabe até uma aceitação entre as demais. Sempre era ela a pagar as prendas, diria um bulling diário e triplo o que a deixava perdida e indefesa. O ápice pra mim foi quando fez o policial. Karla Tenório fez uma quebra da menina coitada para o policial incorruptível.

A peça é uma crescente evolução, com um jogo teatral. É um jogo de exercícios constantes onde as atrizes dão o seu melhor. Há uma sintonia, um bate volta textual tão espontâneo, nada forçado, que fica a sensação de onde começa o imaginário contado pelas personagens e onde termina o que não é.

Guilherme Piva foi muito feliz nas escolhas tanto no texto com a adaptação de “Sandrine Roche" quanto a produção. Em minhas peças em que participei pude realizar alguns trabalhos de cenários e adereços e fiquei deslumbrado com a simplicidade do cenário feito por “Paula Santa Rosa e Rafael Pieri”. Quando digo simples não quero dizer que é pobre nada disso! Pelo contrário! Tais adereços de cena que causa impacto principalmente quando a personagem usa o sinto fixado na estrutura de ferro, com o jogo de luzes em cima foi fenomenal. Sempre digo que a luz é para o Teatro assim como a música é para o cinema ambos tem de caminhar juntos. Um trabalho quando começa bem, com as pessoas certas só pode terminar com resultado positivo. Parabéns por todo esse trabalho. Parabéns a toda sua equipe.

Eu sempre conheci Piva como ator, nunca soube dessa veia de Diretor, foi uma surpresa agradabilíssima que espero se repita inúmeras vezes.



Aos amantes do teatro vale a pena assistir. Evidentemente que cada um terá o seu ponto de vista e sua leitura. Eu tive a minha e deixei aqui registrada.

Local: Teatro Leblon
Endereço: Rua Conde Bernadotte, Nº 26, Leblon.
Sessões: Quarta e quinta às 21h
Período: 28/05 a 30/07
Elenco: Fernanda Vasconcellos, Bianca Castanho, Karla Tenório e Talita Castro
Direção: Guilherme Piva
Classificação: 14 anos
Preço: R$ 60



Sinopse:
No palco, quatro meninas brincam de inventar histórias.
Elas apresentam suas memórias,
às vezes reais,
às vezes não,
seus  medos e suas vidas sonhadas.

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